Porras de uma vida

 

Os 20 já chegaram há algum tempo e, sim, sinto-me diferente.
Já não me sinto tanto uma menina grande que reclama com a vida e que nunca está satisfeita com nada. Já não venho para aqui contar como foi ontem, anteontem e como espero que o dia corra amanhã. A minha vida mudou, agora vejo tudo de maneira diferente. Vejo o passado de maneira diferente, tal como vejo o futuro. Vejo o curso, a faculdade, as amizades, os fins de semana e o mundo de maneira diferente. Agora tenho certezas de umas coisas e tremo de inseguranças por outras. Parece que afinal, já não existem facilitismos, já não nos podemos encostar àquela coluna fantástica do terraço da faculdade a fumar cigarros e a ter momentos de total diarreia cerebral. Agora já não podemos deixar as coisas para fazer no dia seguinte porque, agora, ficamos até às 03.00 da manhã a fazer trabalhos e a estudar para testes, quando podíamos ter feito os trabalhos antes e assim tínhamos tempo para estudar para os ditos testes. E se passássemos nos testes, tínhamos tempo para sair, ou para estar na ronha até às 14.00 a fazer zapping na televisão.
Agora, assumo que cometi um dos maiores erros de sempre. E estou a viver com isso.
Irritada. Possessa. Deprimida.
E invejosa, invejosa dele que está no Sul, que passou 45 minutos comigo da última vez, e que foi para festivais e beber copos nos bares das praias do Alentejo. Amuada por estar-se nas tintas. E acima de tudo chateada comigo por ser infantil e birrenta.
Há dias em que me enervo. Esses dias são óptimos para pôr a escrita em dia.